Aula 4: O que me faz Pular
- Pâmela Azevedo
- 30 de mai.
- 4 min de leitura
O Dia Mundial do Orgulho Autista, 18 de junho, foi instituído para esclarecer a sociedade sobre as características únicas das pessoas diagnosticadas com algum grau do Transtorno do Espectro Autista (TEA) e busca normalizar a neurodiversidade, ou seja, o reconhecimento de que o funcionamento cerebral de algumas pessoas é diferente do que é considerado típico.
Criada em 2005, a comemoração, a cada ano mais popular também no Brasil, conta com a adesão do Senado Federal. A intenção é demonstrar à sociedade que o autista não tem uma doença, mas apenas apresenta condições e características especiais que trazem desafios e também recompensas aos seus familiares e à comunidade. Fonte: Agência Senado
No mês do Orgulho Autista, vamos assistir um documentário que foi inspirado no livro de Naoki Higashida , e vamos conhecer sua história.
Você já pensou como seria sua vida se você não conseguisse se expressar por meio da fala? Essa é a ideia principal do documentário “O que me faz pular”, adaptação do livro de mesmo nome do escritor japonês Naoki Higashida.
O documentário mostra em diversos pontos de vista, como as pessoas autistas enxergam o mundo e como elas se comunicam sem usar a fala, seja pulando em um trampolim ou criando um mural para reflexões.
Neste artigo você vai saber mais sobre o documentário e o livro “O que me faz pular”, conhecer o escritor, e entender sobre a história da adaptação para as telas.
Quem é Naoki Higashida?
Naoki Higashida, japonês, autista severo e não verbal, é o autor do livro “O que me faz pular” e mais de 20 livros publicados. Para produzir suas obras, ele usa uma prancha alfabética, apontando letra por letra do que quer transferir para o papel.
Naoki já revelou, em algumas entrevistas, que repete a pergunta de outras pessoas como uma forma de “peneirar suas lembranças”, tentando encontrar a resposta que procura.
Em um dos seus textos mais famosos, ele compara sua memória, como pessoa no espectro, como uma piscina de bolinhas, e a de pessoas neurotípicas como uma fila.
“Para viver como um ser humano nada seria mais importante do que a capacidade de me expressar.”
Seu livro mais famoso é de fato “O que me faz pular” (The Reason I Jump, em inglês) e que foi escrito aos 13 anos de idade; o primeiro do jovem autor. Além disso, a obra também apresenta algumas anedotas criadas por ele para mostrar a diferença entre a percepção de autistas e não autistas.

Livro “O que me faz pular”
A obra “O que me faz pular” é um conjunto de ensaios reunidos em forma de livro, mostrando o ponto de vista do próprio Higashida, toda a sua experiência como pessoa autista.
Nele, o autor descreve com muita delicadeza vários dos processos mentais responsáveis por comportamentos que muitas vezes destoam daquilo que é esperado.
A narrativa acontece a partir de diversas perguntas feitas por não autistas, como:
Por que você faz as mesmas perguntas o tempo todo?
Por que você nunca para quieto?
Por que você pula? — pergunta que deu origem ao nome da obra.
A história de Higashida mostra que, diferente do imaginário comum, as pessoas autistas estão longes de serem insensíveis e indiferentes ao mundo, sendo tão complexas quanto qualquer pessoa típica, repletas de empatia, senso de humor e imaginação.
O documentário O que me faz pular foi baseado no livro?
Sim, como falamos anteriormente, o documentário “O que me faz pular” é uma adaptação desse bestseller lançado no Japão em 2007, mas é importante lembrar que essa história é uma adaptação norte-americana da versão do livro.
O documentário foi dirigido por Jerry Rothwell, sendo considerado vencedor do Prêmio da Audiência de documentários no Sundance Film Festival 2020.
A versão traduzida para o português foi lançada apenas em 2014 e, apesar de a obra ter feito muito sucesso aqui no Brasil, depois que todos os exemplares feitos pela editora Intrínseca foram esgotados, ele parou de ser publicado, por isso é muito difícil de encontrar exemplares traduzidos para português.
O que é Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA)?
Como a questão principal (tanto do livro quanto do filme) é o entendimento de que: não conseguir falar não significa que uma pessoa não tenha nada a dizer, a história nos mostra a importância da Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA) e como essa terapia para autismo é uma excelente maneira de se expressar e relacionar melhor.
A CAA é uma das práticas baseadas em evidências usadas nas intervenções de pessoas com TEA, que foca em uma comunicação mais efetiva dos indivíduos. Nela são usados sistemas de comunicação, não essencialmente verbais ou vocais (como a fala), para atingir algum tipo de recurso.
Existem várias estratégias de CAA que dão suporte para pessoas com dificuldade na comunicação, como:
Placas com imagens;
Fotografias;
Tablets ou computadores;
E até mesmo a linguagem de sinais.
Uma das formas mais conhecidas de comunicação alternativa aumentativa para pessoas no espectro é o PECS (Sistema De Comunicação Por Troca De Figuras ou Picture Exchange Communication System, em inglês), um sistema de prancha que cria uma troca de figuras para o acesso de itens ou atividades determinadas.
Comunicação Facilitada
Quando pensamos em CAA, ainda existem algumas dúvidas a respeito do assunto, como, por exemplo, a ligação com a Comunicação Facilitada, que é bastante confundida com a alternativa e aumentativa.
Esse tipo de método é considerado uma técnica desacreditada na comunidade autista. Ela apareceu como uma abordagem desenvolvida nos anos 1980, em que existia a presença de um facilitador para pessoas não verbais.
A1:
a) Fale um pouco a respeito do que chamou sua atenção no documentário , e faça uma relação com o que tem observado em seus próprios alunos.
b) Você já elaborou algum material de comunicação alternativa para seus alunos? Se sim, compartilhe conosco fotos deste material, ou de materiais sensoriais que tenha criado para utilizar com seus alunos.

O documentário mostra as particularidades que cada família enfrenta para entender seu filho , procurar meios ( seja na escola ou em outros lugares ) que possam facilitar o entendimento dele, com ele próprio e com o mundo . Não é tarefa fácil porque não existe receita de bolo, cada ser humano é único. E como profissional da educação entendo cada vez mais o quão é desafiante entender a complexidade dos sentimentos do meu aluno, como entendê-lo e atendê-lo da melhor forma possível no universo de 25 ou 30 alunos.... Sabemos que as pesquisas e os estudos ao longo dos anos tem avançado nesse campo e nas outras necessidades especiais , mas nossas escolas estão precisando adequar a essa real…
O documentário me respondeu vários questionamentos que tinha sobre como os sentimentos, os pensamentos e memórias das autistas que não se comunicam verbalmente. O ano passado na minha escola tinha um aluno no pré II que sempre ia na minha sala, ele pulava e apontava as coisas, ficava olhando para aquela criança, e me questionava o que poderia fazer por ele?
Conseguia sua atenção correndo com ele em volta da escola, então ele abria um sorriso tão aconchegante que sentia vontade de estar perto dele, mesmo não sendo o meu aluno.
Ao ver o documentário percebi que de alguma maneira me comunicava com ele.
É necessário que as pesquisas e os estudos continuem para que cada vez possamos entender …
Realizaram muito bem esta atividade! Uns amores! Sao feras!
O documentário é muito enriquecedor. O que mais me tocou e me chamou a atenção, foram os testemunhos de pais e mães que gritavam por socorro, pois seus filhos eram discriminados e sofriam violência psicológica. Mas elas não desistiam e tentavam entender seus filhos, inseri_los na sociedade e buscavam estratégias para que eles pudessem se comunicar.
Hoje, temos tudo ao nosso favor, e mesmo assim, o sistema ainda falha com essas crianças.
Como professora, venho mudando minha prática a cada aprendizado e tendo um olhar cada vez mais humanizado para os meus três alunos autistas. Uma relação entre o documentário e as minhas observações em relação aos meus alunos, são os desenhos. Eles se expressam muito através de atividades com…
Emocionante é pouco para definir o documentário. É incrível a visão de mundo do autor! Achei extremamente importante essa obra, para que possamos compreender melhor o que se passa nessas mentes maravilhosas e profundas. Fundamental para todos!
Iniciei na docência agora, ainda sou aprendiz. Não tive tempo hábil para trabalhar com esse material, mas tenho intenção. Como dou aulas em diversas escolas e com faixa etária ampla, sei que o tempo e os estudos serão meus aliados para que eu possa realizar trabalhos úteis.
Sou professora de artes e já notei que a Arte é penetrável, e estou conseguindo avanços sutis com meus aluninhos da Creche. Estou feliz!